Dossiê Sören Kierkegaard

Sören Aabye Kierkegaard (1813-1855) é o pai do existencialismo na
Filosofia.
Dados biográficos

Nome completo: Sören Aabye Kierkegaard
Dia de nascimento: 05 de maio de 1813
Cidade natal: Copenhagen (Dinamarca)
Data de falecimento: 11 de novembro de 1855
Cidade de falecimento: Copenhagen (Dinamarca)
Religião: Cristão luterano
Funções: escritor, pastor, filósofo
Esposa: nunca se casou, mas teve um conturbado relacionamento com Regine Olsen.

Dados filosóficos

Filósofos influentes: Sócrates, R. Descartes, I. Kant, G. Hegel
Filósofos influenciados: M. Heidegger, J. P. Sartre, É. Lévinas, L. Chestov, corrente existencialista em geral
Filósofos opostos: I. Kant, G. Hegel, F. Schelling, J. Fichte

Rascunho do pensamento

Kierkegaard inova na maneira de pensar da Filosofia. Primeiramente, ele (ao contrário dos grandes filósofos da época, como Hegel e Kant) escreve suas obras sem um sistema filosófico. Ele acreditava que um sistema de filosofia não poderia abarcar os grandes problemas da vida humana - a dor, o sofrimento, os desesperos existenciais - que Kierkegaard chama de paradoxo. O sistema, por sua vez, era tão abstrato e difícil de ser compreendido que não era sensível à dinâmica da vida do ser humano, sentimental e racional ao mesmo tempo!
Kierkegaard trata sobre a ligadura de Isaac
(Gn 12) no livro Temor e tremor, como
o estádio religioso.

Na obra "Estágios para os caminhos da vida", Kierkegaard desenvolve - não uma teoria!! - uma reflexão sobre a existência humana. E de que maneira ele poderia tratar do ser humano olhando-o em suas diversas matizes? Com os estádios de existência. De maneira geral, esta ideia de Kierkegaard é conhecida como "estágios". Mas a palavra "estágio" é semelhante à palavra "fase"; o filósofo não fala sobre "fases" de existência, pois isso daria a entender que a vida humana seria uma evolução, uma "Tese-Antítese-Síntese", o que seria o sistema de Georg Hegel! Kierkegaard propõe os "estádios": três situações independentes uma da outra.

Kierkegaard define assim os três tipos de estágios de existência - podemos dizer três tipos de pessoas:

a) O estágio estético. O estágio estético - talvez possa ser o mais comum de todos, embora o mais comum seja o ético - é o estádio em que o indivíduo vive apenas pelo seu prazer pessoal. Ele vive pela fruição (contemplação), seja no âmbito afetivo, espiritual, sexual, físico, etc... Um exemplo que Kierkegaard dá do homem estético é o sedutor. Na pessoa de Don Juan, Kierkegaard diz que nos relacionamentos amorosos o sedutor quer apenas a diversão. No livro Diário de um sedutor, o autor Johannes (um perfeito homem estético) fala: "Já fiz, na minha vida, muitas declarações de amor e, no entanto, toda a minha experiência me é absolutamente inútil neste caso; é que esta declaração deve ser feita de um modo particularíssimo. O que sobretudo devo inculcar no meu espírito é que se trata apenas de uma simulação. [...]De modo algum me interessa possuí-la no sentido grosseiro, o que importa é fruí-la no sentido artístico."
Para o estágio estético, a vida não passa de uma fuga do desespero. Como o momento passa e é fugaz, o homem estético está sempre em busca daquilo que é interessante - pois do contrário ele se desesperaria e entraria em paradoxo. Lembrando: o estético não está só relacionado ao campo afetivo-sexual, como Don Juan, mas até mesmo uma pessoa piedosa pode ser estética (pois ela enxerga na religião uma fuga da realidade sofrida). O único ponto de salvação para o homem estético é a busca de uma vida para si mesmo, regrada por leis, o que Kierkegaard chama de salto para o estádio ético.


Agamêmnon (ou Agamenon) foi o exemplo que
Kierkegaard aplicou ao seu conceito de homem ético.
b) O estágio ético. O estágio ético é o mais comum entre as pessoas, na opinião de Kierkegaard. E por que? Porque este estádio é dirigido pelas leis morais, ou seja, pelo que as pessoas, de maneira geral, acreditam que seja certo. Por exemplo: é de consenso geral que é bonito uma pessoa ser honesta, ter valores fundamentais - como a família ou a crença em Deus, por exemplo - e ser moralmente irrepreensível. Para isso, é preciso que ela seja governada por ela mesma, o que é a superação do estágio estético. O homem do estágio ético tem o poder de governar a si mesmo, o que não acontece no estágio estético, já que este último é governado pelos seus instintos.
Kierkegaard afirma que o casamento é um símbolo do estágio ético, pois é algo que é comumente aprovado pela maioria das pessoas, independentemente de cultura, religião ou etnia. Uma pessoa, a partir do momento em que se torna casada, assume diversos compromissos - a fidelidade, o amor para com o cônjuge e para com os filhos, o respeito para com os familiares, o dever de trabalhar para o sustento da prole - estes compromissos são encarados como leis. Seria loucura quebrar algum destes valores, a não ser em um caso extremo.

Um caso curioso do auge do homem ético é o caso de Agamêmnon. Ele prometeu à deusa Ártemis que sacrificaria sua filha se ganhasse uma guerra - e de fato ganhou. Quando ele teve que cumprir a promessa, porém, tomou algumas atitudes muito curiosas. Ele pediu ao seu servo que comunicasse à sua filha Ifigênia que ela devia ser oferecida em sacrifício. Além disso, quando foi cumprir sua promessa, ele se colocou como uma vítima, pois teria que sacrificar a própria filha (o que de fato é algo monstruoso...). O homem ético pode chegar até este cume: quando é preciso realizar um sacrifício em prol do geral, do comum.
E quando o Indivíduo deve seguir a voz de Deus? Como é possível justificar que Deus lhe manda fazer algo? Só é possível realizar plenamente a vontade de Deus quando se alcança o estágio religioso.


CONTINUA:

~O ESTÁDIO RELIGIOSO~
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